quarta-feira, 16 de junho de 2010

CANIVETE DO TEMPO

Arrebato o canivete do tempo
E risco a pele com destreza
Marcas contínuas, mas firmes
O sangue escorre
Por entre os poros
Cintilam sob os raios do sol
Descem lentamente
Marcando seu caminho
Fazendo desenhos sinuosos
Como se quisessem ser serpentes
Tortuosidades que exprimem o real
Marcas dos vultos do inconsciente
Congelam-se, coagulam e mudam
De cor, de tom, de forma
O sangue escorrido
Agora estancado e tiso
Imóvel e corpuscular
O canivete do tempo
Já não é mais
Já não faz mais sentido
Os vincos por ele deixados
Cicatrizarão
Marcarão seu caminho
Mas irão se fechar
O tempo é mestre e perdição
É do homem o ponto de partida
O meio e o fim
Rasgar esse cordão, lascerar
Interromper a sequência do movimento
E mudar o curso do destino
Cortar à canivete
Do tempo
Do modo de ver o infinito
O homem é
Por ele mesmo
O próprio canivete
Do tempo

Em 18/12/2005
Serrolândia - BA

1 comentários:

Anônimo disse...

Tempo...sempre deixa marcas pra relembrar a todo tempo que ele passou...

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